Foi com grande preocupação que a JPAI da Praia, tomou conhecimento dos dados sobre o desemprego relativos a 2016, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas.
Sabemos todos dos fortes impactos causados no nosso país pela crise económica e financeira internacional a partir de 2008, muito em especial nos sectores produtivos geradores do emprego, tendo o Governo do PAICV sabido ser resiliente com adoção de políticas macroeconómicas corajosas e eficazes.
É assim vimos assistindo a uma progressiva e sustentada diminuição da taxa de desemprego, isto é, de 16,8% em 2012, para 16,4% em 2013, 15,8% em 2014 e 12,4% em 2015.
Contrariando essa tendência os números agora avançados, apontam para um aumento corresponde de 2,6 pontos percentuais o que coloca a taxa de desemprego em 15% em 2016.
As taxas de desemprego agora anunciadas são ainda preocupantes quando, contrariamente aos grandes anúncios políticos, não se conhecem medidas de políticas concretas induzindo a criação de postos de trabalho, nomeadamente em termos de política fiscal, tarifas aduaneiras e outros importantes fatores da tão necessária competitividade do país, mesmo no plano do consumo interno.
Mas o impacto é particularmente em relação à Juventude.
Com efeito, na faixa etária 18-24 anos a taxa de desemprego dispara de 28,6% para 41%, com especial aumento de 48,7% nos grupos etários 15-19 anos e 20-24 anos de idade.
Isto é, os jovens são os mais afetados por tal situação e, por essa razão, são os mais ressentidos tendo em vista as suas expectativas geradas.
A nossa preocupação é ainda maior quando se constada destes resultados esse aumento do desemprego atinge sobretudo os jovens instruídos com o nível secundário que passa de 16,3% em 2015 para 20,2% em 2016 e, no nível pós-secundário, de 11,2% em 2015 para 20,7% em 2016.
Face à caracterização acima descrita, é de se lembrar que pela sua natureza multifacetada e estrutural, a problemática do desemprego, deve estar no centro das políticas, em particular nos domínios económico, social e da educação/formação profissional, para que as mesmas possam corresponder à confiança solicitada e satisfeita no voto que conduziu o MpD ao poder, em Março de 2016.
O que nos intriga ainda, é o facto do Governo se prender em desculpas e justificações que em nada satisfazem o nosso entendimento. Tanto assim, que é o Senhor Primeiro Ministro a dizer que os números avançados estão desfasados da realidade e que a leitura dos dados não é para qualquer um, avançando ainda que os inquéritos devem ser trimestrais permitindo acompanhar e tomar as medidas necessárias.
Diremos, então, que dados efetivos tinha o Senhor Presidente do MpD na altura da campanha eleitoral, para anunciar promessas desmesuradas de criação de 9.000 postos de trabalho por ano tendo como foco a juventude?
O que a juventude deseja não são argumentos para distração dos que julgam serem distraídos ou desentendidos, mas, sim, que se reconheça a situação inquietante que afecta a juventude e que haja medidas de políticas assumidas e implementadas que resultem em postos de trabalho efetivos, em todas as ilhas.
Muitos jovens já mostram a sua insatisfação e já dão sinais de arrependimento por confiarem no senhor primeiro-ministro.
Queremos medidas urgentes, para assim termos uma juventude mais ativa, mais influente e com mais oportunidade.
Muito obrigado!
Praia, 07 de Abril de 17
Presidente da JPAI-Praia – Osvaldino Semedo