O Líder Parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) disse hoje que o estado da Nação ainda não é bom, porque há “desânimo, angústia, desesperança e insatisfação demonstrada em quase todas as ilhas”.
Rui Semedo falava em conferência de imprensa para o balanço das jornadas descentralizadas que antecedem ao debate do estado da Nação.
Conforme o político o estado da Nação é apreciado tendo em conta a situação real que as pessoas vivem e o estado de espírito de ânimo das pessoas.
A este propósito começou por questionar sobre “a situação real das pessoas do mundo rural”, após dois anos de seca, o estado de ânimo dos jovens desempregados “sem perspectivas de futuro” o estado de alma “dos milhares de pessoas que saíram à rua” nas ilhas para manifestar a sua insatisfação “perante falta de respostas” para os seus problemas.
Questionou ainda o estado de alma das pessoas nas ilhas “com dificuldades de transportes”, com “preços elevados” de deslocação, “impossibilitados” de viajar e de “transportar as suas bagagens” com “condicionamento nos seus negócios e nas suas famílias.”
Rui Semedo referiu também o estado de alma dos pais e encarregados de educação que enfrentaram “desafios enormes” com as propinas e os transportes escolares dos filhos, do estado de alma dos pais por saberem que “um filho pode jantar hoje e amanhã não pode”, das famílias que “viram os seus ente-queridos desaparecer”, dos doentes “que não conseguem pagar a consulta”, das famílias “que sofrem violência” entre outros.
Segundo o Líder Parlamentar do PAICV todas estas questões mostram que o estado da Nação ainda não é bom.
Sobre o facto de o primeiro-ministro ter laçando recentemente obras, antes do debate do estado da Nação, Rui Semedo defendeu que não há uma dinâmica igual à dinâmica que houve no passado e que esses lançamentos recentes de obras acontecem numa perspectiva de “criar uma percepção positiva” do estado da Nação.
“Se há coisas que devem ser reconhecidas é que houve um processo intensivo de infraestruturação do país. O primeiro-ministro tem poucas obras para mostrar,” analisou afirmando que há muitas obras que são lançadas e que não arrancam citando o exemplo do porto do Maio.
Quanto às declarações do vice-primeiro-ministro que disse que “há dinheiro que nunca mais acaba”, o Líder Parlamentar do maior Partido da Oposição pediu esclarecimentos ao Governo sobre o destino que está a ser dado a esse dinheiro.
“Ele tem que abrir essa torneira nalgum sítio para que esse dinheiro chegue também à população porque os cabo-verdianos não estão a sentir esta quantidade avultada de dinheiro,” ironizou Rui Semedo para quem o crescimento do país “tem que ser convertido também em respostas concretas” os problemas que as populações têm.
Fonte: Inforpress