Estou aqui enquanto representante da Comissão Política Nacional do PAICV, enquanto Deputado Eleito pelo Circulo Eleitoral da Boavista, mas essencialmente, estou aqui enquanto Cabo-verdiano, para reagir ao trágico acontecimento ocorrido na passada madrugada de Sexta-Feira para Sábado, nas ilhas da Boavista e do Sal.
As minhas primeiras palavras são dirigidas aos filhos, aos pais e demais familiares da jovem Eloisa Correia, que faleceu após ter sido evacuada numa pequena embarcação no percurso Boavista-Sal, depois de lhe ter sido negado a evacuação por via aérea por parte da atual companhia que opera em regime de monopólio em Cabo Verde.
Sabemos que nenhuma palavra de consolo ou pronunciamento público conseguem diminuir a dor, o sofrimento e a revolta dessa família, mas uma coisa podemos garantir a família da Eloisa e a toda a Nação Cabo-verdiana, o PAICV está determinado a acionar todos os meios legais, políticos e institucionais, e ir até as últimas consequências se necessário, até que sejam apuradas as responsabilidades políticas e criminais e até que sejam criadas as condições para que o que aconteceu a Eloisa na ilha da Boavista não aconteça a mais ninguém em nenhuma ilha de Cabo Verde.
A morte da jovem Eloisa Correia, que era perfeitamente evitável se tivesse sido transportada a tempo para o hospital do Sal, põe a nu essa situação de total desproteção, de total vulnerabilidade, uma situação precária que se vive em Cabo Verde atualmente, situação essa que é sobejamente conhecida pelo Governo, situação que já foi denunciada várias vezes, uma situação em que o próprio Presidente da República, na sua página oficial, diz ter aborda por diversas vezes o Governo e exigiu uma resposta urgente e imediata, mas que até agora absolutamente nada foi feito para garantir a evacuação das pessoas em situação de emergência médica.
Nós contactámos a Delegada de Saúde da ilha da Boavista que nos disse que contactou a Binter a solicitar a evacuação da paciente, a Binter lhe respondeu que não poderia transportar essa paciente alegando falta de disponibilidade de lugares no voo e ela não teve outra solução, senão recorrer ao auxílio de uma pequena embarcação para tentar salvar a vida da paciente que já estava numa situação crítica, aliás como é possível constatar no vídeo que está a circular na internet.
A responsabilidade política deve ser assumida por este governo na pessoa do Primeiro Ministro e do Ministro da Saúde, que foram negligentes ao desmantelarem um sistema de evacuações que funcionava e era assegurada pelos TACV, Cabo Verde Express e Guarda Costeira, por não terem contratualizado com a Binter as condições de prestação do serviço público, por não conseguirem exercer a autoridade do Estado para proteger os seus cidadãos, parecendo que este governo esta completamente na mão de determinados interesses económicas instalados em Cabo Verde e completamente impotente perante uma empresa que pode a qualquer momento deixar Cabo Verde sem ligações aéreas domesticas.
O PAICV espera também uma ação célere, firme e forte do Ministério Público para assacar as responsabilidades penais e civis dos agentes da campainha aérea que foram imprudentes ao negarem transportar a jovem Eloisa Correia, pois essas pessoas tem de assumir a consequência dos seus atos e serem apresentadas perante a justiça Cabo-verdiana.
Essa situação que vivemos hoje em Cabo Verde é consequência direta das políticas deste governo e do seu Primeiro Ministro, que ao envés que estar a tentar justificar o injustificável devia pedir desculpas aos familiares e as vitimas e deveria estar a anunciar um conjunto de medidas emergências para garantir que não haja mais perda de vidas humanas devido a falta de evacuação médica por via aérea.
O PAICV reúne a sua Comissão Política hoje, onde será decidido quais ao mecanismos legais e institucionais que serão acionados nos próximos dias, mas garantido desde já ao País que ira fazer tudo o que tiver no seu alcance para que pelo menos desta vez a culpa não morra solteira.
Walter Évora - Membro da Comissão Política Nacional