A Comissão Política Nacional do PAICV reunida, ontem, na sua Sessão Ordinária de Março, analisou a situação política nacional, tendo constatado a degradação da situação sócio-económica e das relações laborais no País.
A Maioria do MPD, que suporta o Governo, ganhou as Eleições de 2016 com base num conjunto de promessas e de soluções que prometeu aos cabo-verdianos e que, em suma, deveriam traduzir-se em mais felicidades para os homens, mulheres e jovens deste País.
No próximo mês de Abril, o Governo completará dois anos de mandato efetivo!
Dois (2) anos de mandato, com três (3) Orçamentos de Estado aprovados!
Hoje, e passados esses dois anos, já se constata um sentimento generalizado de desilusão e de falta de esperança, pois as promessas feitas aos cabo-verdianos continuam por cumprir, e as soluções insistem em não chegar.
Desde logo, a situação das famílias está a degradar-se, com os salários congelados, os preços dos bens essenciais (como a água e a luz) a aumentarem e os impostos sem nenhuma redução.
Os jovens, a quem o MPD prometeu « mundos e fundos», estão completamente abandonados. Sem emprego, sem isenção de propinas, com menos bolsas de estudo, com menos transporte escolar, com menos oportunidades de acederem a cargos na Administração Pública e sem perspetivas.
Os trabalhadores estão a constatar que, afinal, a promessa de emprego digno foi metida na gaveta.
O clima laboral tem sido caracterizado por despedimentos arbitrários (quase semanais, instituições a fecharam portas, empresas a serem liquidadas, salários a serem reduzidos, e um ambiente de completa perseguição e intimidação.
Cabo Verde está a passar por um período sensível e complexo !
A credibilidade do País - um grande activo nos últimos anos - está em crise !
Mensalmente, vêm ocorrendo escândalos, envolvendo as mais altas figuras da Governação.
Tudo isso, perante uma completa ausência do Primeiro-Ministro que os cabo-verdianos escolheram!
Como já é voz corrente nas ruas, Cabo Verde está, neste momento, sem Primeiro-Ministro!
O Primeiro-Ministro eleito, Ulisses Correia e Silva, decidiu deixar o cargo de Primeiro-Ministro e se esqueceu de avisar os cabo-verdianos !
O «Homem-Solução », Ulisses Correia e Silva – que deu a cara durante toda a campanha e prometeu Felicidade aos cabo-verdianos – insiste em se esconder e, sobre os problemas do país, ninguém sabe o que ele pensa, o que vai fazer e quais as medidas que vai implementar.
Limita-se a aparecer apenas para cortar fitas, abrir palestras e fazer inaugurações.
Ora bem :
O Primeiro-Ministro UCS é o primeiro e principal responsável pela Governação do país.
Foi nele que os cabo-verdianos votaram.
Agora, ele tem de dizer aos cabo-verdianos o que fez com as suas promessas de resolver os problemas dos cabo-verdianos e de lhes trazer felicidade!
Os Jovens esperam isso! As mulheres chefes de família esperam isso! Os trabalhadores esperam isso! Os agricultores esperam isso! Os Estivadores esperam isso! As Famílias cabo-verdianas esperam isso!
O primeiro responsável pelos desmandos na Governação é o Primeiro-Ministro, UCS, que já demonstrou que apoia e defende a prática de favorecimento das Empresas próximas do seu Partido e não está minimamente preocupado com os indícios de corrupção que começam a tomar conta do seu Governo.
Por outro lado, a Comissão Politica Nacional encara com preocupação a forma como vem sendo tratada a questão dos Transportes Aéreos e, particularmente, dos TACV.
Depois de todas as promessas de «solução mágica » e imediata para os TACV, hoje o que se sabe é que os TACV foram desmantelados e estão em plena liquidação, o Governo do MPD já «meteu » 2 milhões de contos na Transportadora Aérea Nacional (que já nem está a voar), os trabalhadores dessa Empresa não conhecem o seu futuro e o Hub Aéreo já foi transferido por « Decreto » para a Ilha do Sal.
O que nós perguntamos é quem está a ganhar com este negócio!
Alguém está a ganhar com este negócio. Mas, não será Cabo Verde, com certeza!
A Comissão Politica Nacional do PAICV constatou, igualmente, a tentativa (muito semelhante à ocorrida em 90), de desmantelamento do sector dos Transportes Marítimos. Há anúncios desencontrados de encerramento de Empresas, os concursos de Sub-Concessão de Portos continuam sem informações claras e os projectos herdados (como o terminal de Cruzeiros e Registro de Navios) continuam estagnados.
Por outro lado, o PAICV continua a encarar com profunda preocupação os efeitos da seca e do mau ano agrícola, no País.
Constatamos que o Plano de Mitigação não tem conseguido responder às necessidades da população do campo: nem aos agricultores, nem aos criadores de gado, nem às famílias mais vulneráveis.
Por tudo isso, a Comissão Política Nacional do PAICV exorta o Governo a planificar melhor as suas acções, a actuar com maior rapidez e a implementar medidas concretas, que sirvam para resolver os problemas das famílias cabo-verdianas.
O PAICV, por seu lado, está determinado em cumprir o seu papel de Oposição Democrática, com responsabilidade.
Portanto, fiscalizará a actuação governamental, denunciando todas as medidas que não protejam os interesses dos cabo-verdianos, e apresentará propostas alternativas, sobre matérias de interesse colectivo. Para esse efeito, a Presidente do PAICV iniciará, no próximo mês de Abril, o Projecto « OUVIR CABO VERDE », fazendo um Périplo por todo o Cabo Verde, percorrendo as Ilhas e os Concelhos deste nosso País, para auscultar os cabo-verdianos, em geral, e conhecer, com maior profundidade, as suas expectativas e anseios, de forma a que o PAICV possa elaborar e apresentar propostas que, servindo os interesses de desenvolvimento estratégico, vão de encontro às expectativas das pessoas.
Igualmente, a Comissão Política Nacional saúda as iniciativas já entregues pelo seu Grupo Parlamentar, nomeadamente o Projecto de Resolução que faz recomendações ao Governo sobre as Medidas a implementar para fazer face ao mau ano agrícola, o Estatuto do Trabalhador-Estudante e a Lei de Paridade do Género.
Cidade da Praia, aos 15 dias de Março de 2018.
Nuias Silva - Vice-Presidente do PAICV e Porta-Voz da Reunião da Comissão Política Nacional de 14 de Março