Senhor Embaixador!
Minhas Senhoras e Meus Senhores!
As minhas primeiras palavras são para manifestar o nosso profundo sentimento e recolhimento, perante a memória do Homem do seu tempo, da grande figura da luta pela dignidade dos povos, FIDEL CASTRO RUZ.
Ao Senhor Embaixador e Caro Amigo, um muito obrigada pelo honroso convite que nos formulou e pela oportunidade que nos proporcionou para, humildemente, refletirmos sobre a magnitude de um dos símbolos marcantes do século XX e, necessariamente, do Amigo Povo Cubano.
Falar de FIDEL CASTRO não é tarefa simples, dada a complexidade da sua grandeza de Homem, das suas convicções profundas, da sua entrega às grandes causas de Cuba e da Humanidade, da sua luta intransigente contra a dominação colonial e fascista, enfim, contra a subjugação dos povos no direito à sua terra, à sua pátria e à liberdade.
A dimensão da luta de FIDEL CASTRO não se limitou a repor a verdade histórica do Povo Cubano, contribuiu, também, para conferir aos seus compatriotas o direito inalienável a de assumir as rédeas dos seus destinos. E, assim, Cuba afirmou a sua soberania territorial, edificou um Estado em que todas as crianças beneficiam de um ensino de qualidade e gratuito, a saúde é um direito de cidadania extensivo também em qualidade e sem custos ... E, assim, em Cuba se vive na dignidade, com elevados índices de desenvolvimento humano.
Senhor Embaixador!
Senhoras e Senhores!
FIDEL CASTRO, figura multifacetada na perspetiva integrada e multidimensional como encarava o desenvolvimento da humanidade, marcou a sua época pela sua visão universal do desenvolvimento humano, ao preocupar-se com as injustiças que vitimaram outros povos, na convicção de que a felicidade do povo cubano devia passar por um mundo mais justo e mais solidário, partindo duma máxima de José Marti, ”Pátria é Humanidade”.
O COMANDANTE EM CHEFE era um Homem de grandes causas sociais, que se preocupava com o ensino e a saúde, com a cultura, com o trabalho e o emprego, com as questões ambientais, enfim, com o acesso das populações aos bens essenciais da vida.
Senhoras e Senhores!
O século XX revelou ao mundo grandes figuras incontornáveis, que assinalaram as grandes transformações que viriam determinar o destino da Humanidade de hoje, nomeadamente no plano político, em que FIDEL CASTRO se distingue, ao lado de notáveis e grandes personalidades africanas, em que destacamos o Herói Nacional, AMÍLCAR CABRAL.
De entre as grandes ocorrências em que FIDEL teve papel de destaque, citamos: o movimento dos não-alinhados, também conhecido do Terceiro Mundo, que protagonizava a neutralidade face ao confronto dos dois grandes blocos na sequência da II Grande Guerra e à Guerra Fria, orientado para as lutas de libertação nacional, o combate à pobreza, o desenvolvimento económico, firme oposição ao colonialismo e ao neocolonialismo, resistência às pressões das superpotências, com o grande objetivo de evitar uma nova guerra mundial e contribuir para o desarmamento e para a paz.
É, pois, inquestionável o grande contributo dado por FIDEL CASTRO e o papel importante que a organização desempenhou no desanuviamento das tensões e no despertar das consciências dos Povos oprimidos, nas diversas frentes da sua luta contra a subjugação e pela afirmação das suas pátrias.
Citamos, também, a Guerra Fria marco importante do século passado, em que dois blocos disputavam a hegemonia sobre as Nações, nomeadamente a supremacia económica mundial, bem como a corrida armamentista e o constante confronto entre as respetivas superpotências. Mais uma vez, emerge a figura de FIDEL CASTRO na resistência intransigente às tentativas de dominação, que valeram o bloqueio económico a Cuba, cujo valente povo soube encarar e não se subjugar.
Muito particularmente em relação à África, há a emergência de movimentos nacionalistas das antigas colónias, num contexto marcado ainda pela ameaça permanente de conflito entre as duas grandes potências mundiais, bem como a uma grande vaga de investimentos externos a países em desenvolvimento, a guerra no Vietname, as ditaduras de Franco e Salazar, a criação da OPEP, impondo os preços do petróleo e controlando as economias dos países do terceiro mundo.
Com efeito, após a 2ª Grande Guerra, há um contexto internacional encorajador da resistência dos Povos Africanos contra a dominação estrangeira e propício aos movimentos independentistas e emancipadores africanos, devendo-se referir a derrota do nazi-fascismo, a emergência da Ex-URSS como potência, as independências da Índia e da Indonésia, as lutas vitoriosas dos vietnamitas, entre outros.
Mais uma vez, num autêntico compromisso histórico com a África, FIDEL CASTRO fez da solidariedade o pilar da política externa de Cuba, de que destacamos as ajudas à Frente de Libertação da Argélia, a Angola, à FRELIMO e ao PAIGC, com importante assistência técnica militar e social. Em relação a Angola devemos realçar o papel decisivo das tropas cubanas na confrontação e recuo das tropas estrangeiras a sul de Luanda, o que travou um processo em preparação de aquinhoamento e partilha de Angola.
Tendo Cabo Verde, pelas mãos de grande ARISTIDES PEREIRA, diligenciado entendimentos para o início do processo que viria pôr fim ao apartheid e conduzir à libertação de Nelson Mandela, Cuba de FIDEL CASTRO desempenha um importante papel nas negociações, muitas vezes discretas, entre as partes beligerantes, que tiveram lugar no nosso país.
A tudo isso, agradece a solidariedade e cooperação desinteressada de Cuba para com Cabo Verde, na pós-independência, que se estendeu de forma exemplar a domínios vitais em que as carências eram enormes, tais como:
(i) Na saúde, com a formação de quadros cabo-verdianos e o envio de especialistas e outros profissionais que sempre prestaram assistência médica de qualidade ao nosso país, em particular nos primeiros anos da independência nacional, em que os quadros da saúde não chegavam a uma centena;
(ii) Na educação e formação profissional, seja com o envio de técnicos, seja com a formação de jovens cabo-verdianos nas mais variadas áreas em que se vêm revelando quadros valiosos para o desenvolvimento social e económico do nosso país;
(iii) Na formação técnica e militar dos nossos soldados e oficiais, bem como no fornecimento de equipamento e material, contribuindo, assim, para dar corpo às Forças Armadas, uma das instituições pilares do nosso Estado.
Nos domínios da saúde e da educação, a solidariedade cubana obedeceu à máxima de que salvam vidas e combatem a pobreza.
Senhor Embaixador, Excelência!
Minhas Senhoras e Meus Senhores!
A figura multifacetada de FIDEL CASTRO revelou-se no seu patriotismo sem reservas em relação a Cuba, mas, também, na sua solidariedade presente com os Povos, nos planos diplomático, económico e social, pelo que a ÁFRICA tem um compromisso de gratidão para com o Homem do seu Tempo, o Comandante em Chefe da Revolução Cubana.
Termino, pois, afirmando que o PAICV, assumindo o legado de AMÍLCAR CABRAL e da luta de libertação nacional, tem o privilégio de valorizar o património dos movimentos de libertação africanos que é FIDEL CASTRO, que partiu do nosso convívio a 23 de Novembro de 2016, restando-nos o dever de nos inclinarmos perante a sua exaltante memória.
Muito obrigada pela vossa atenção!