Desde o início da avaliação introduzida pela Fundação Mo Ibrahim Cabo Verde tem figurado entre os primeiros lugares da tabela de avaliação, chegando a ser considerado exemplo de governação em África.
Segundo dados trazidos a público, nesta semana, num total de 54 países africanos analisados, Cabo Verde passou a ocupar a quarta posição - descida um lugar em relação ao ano passado - tendo entrado para o grupo de países com “sinais de alerta” ao somar 72.2 pontos, num total de 100, contra 73 pontos no ano passado.
Sendo assim, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) manifesta-se preocupado com a saída de Cabo Verde do “Top 3” do Índice Mo Ibrahim de Boa Governação, em África 2017 (IIAG).
Ressalta-se que entre os indicadores com piores desempenhos estão o acesso à justiça, o acesso à informação, o desvio de fundos públicos, a investigação à corrupção, o tráfico humano, a igualdade de género e a participação política das mulheres, a gestão das contas públicas, a transparência nas empresas públicas, a burocracia ou a solidez dos bancos.
Sinais evidentes de retrocesso!
Não se pode perder de vista que, em 2015, Cabo Verde tinha melhorando o seu score em 1,9 pontos, obtendo classificação idêntica no ano anterior, aliás, na senda dos bons resultados que o País vinha alcançando desde que começou a ser submetido à avaliação desta importante Organização.
Por ora, esta degradação de um dos principais ativos do País, a boa governação, capital fundamental para competitividade de Cabo Verde e a mobilização de recursos e de investimentos, demonstra que as políticas adotadas nos últimos anos, com enfoque no cidadão e na sua qualidade de vida, numa visão clara do desenvolvimento do País, assente na qualidade da governação e na valorização da mulher e do homem cabo-verdianos, regrediram.
Outrossim, a apreensão do PAICV e da população cabo-verdiana é ainda maior, pois revisitando o Programa de governação apresentado pelo atual Chefe do Executivo, Ulisses Correia e Silva, na Assembleia Nacional, constata-se metas ambiciosas, nomeadamente:
-Reduzir a pobreza relativa para um dígito (menos de 10%) e a erradicação da pobreza extrema e da fome e por garantir segurança alimentar, através da promoção do crescimento económico;
- Despartidarizar a Administração Central;
-Colocar Cabo Verde na rota do crescimento económico, mediante a projeção de uma meta ambiciosa de 7% de crescimento por ano;
- Estancar, para breve, o endividamento externo do país;
- Melhorar, significativamente, a nossa posição no IDH;
-Colocar o país no top 50 do índice de competitividade e de ambiente de negócios e no top 15 do mundo em matéria de competitividade fiscal;
-Investir numa educação de excelência de nível mundial, equitativa e inclusiva.
Face a mais este desaire, o Governo, através do Primeiro-Ministro, de forma desajeitada, sacode a água do capote, desresponsabiliza-se e passa a bola, sem surpresas, para o seu antecessor, dizendo que o falhanço é responsabilidade do Governo anterior.
Só que, para além de deselegante, está a ficar fastidioso ouvir o Sr. Primeiro-Ministro afirmar que teve grandes ganhos na sua governação de 2016, incluindo o crescimento económico, e passar todo o insucesso e ineficácia, das suas medidas, à governação anterior.
Praia, 21 de Novembro de 2017