“Nós viemos cá porque, como já podemos abordar, publicamente, temos a clara perceção que está a ocorrer alguma instrumentalização da Comunicação Pública, particularmente, da Televisão Pública de Cabo Verde” afiançou a Líder do Grupo Parlamentar do PAICV, Janira Hopffer Almada, ontem à tarde, na saída de um encontro de trabalho com os Membros do Conselho de Administração da RTC.
Tal constatação deve-se ao facto de o PAICV ter já feito um levantamento que tem a ver com a distribuição dos tempos na própria televisão, mas também, com a promoção de programas de debate, sobretudo, políticos e verificado que “não se tem promovido muitos debates ao nível político, permitindo aos partidos que estão na Oposição de poderem também manifestar a sua posição, mas também vários factos de relevância nacional”.
No entanto, a Líder Parlamentar do PAICV fez questão de reconhecer o trabalho dos jornalistas que, no seu entender, são “dedicados e competentes”. E tendo a Televisão uma Direção, o PAICV interroga quais são os critérios que têm determinado o tratamento que vem sendo dado ao maior Partido da Oposição, neste momento. A propósito, Janira Hopffer Almada, explicita questões inerentes à auscultação da Oposição em matérias de relevância nacional, forma de tratamento das matérias no próprio Jornal da Noite “em que são garantidos tempos de antena aos membros do Governo para continuarem o debate feito no Parlamento, manifestando a sua posição, sem que seja dado também, à Oposição, esta oportunidade, bem como, necessidade de haver mais espaços de promoção de debate político”.
O PAICV prometeu ainda remeter estes questionamentos à Direcçao da Televisão de Cabo Verde, por escrito, exigindo uma definição de critérios “ de forma clara e rigorosa” de modo a se garantir a “imparcialidade” e, sobretudo, a “isenção” no tratamento noticioso.
É que, na óptica da Líder da Bancada tambarina, esta clarificação é necessária, uma vez que é “perceção generalizada da sociedade cabo-verdiana que hoje em dia, praticamente, o Jornal da Noite tem 90 % do tempo dedicado ao Governo de Cabo Verde ou ao maior Partido da Oposição”.
E perante a evidência de que muitas vezes a Oposição não ser acompanhada durante as visitas que faz e às atividades que promove, Janira chega a citar o caso ocorrido na passada Quinta-Feira de uma visita que o Grupo Parlamentar fez ao Concelho de São Domingos, num momento em que se está perante um mau ano agrícola, e que o PAICV não conseguiu ter nenhum acompanhamento da televisão pública, mesmo depois de muita insistência, para transmitir as preocupações recebidas da população.
Sendo assim, o PAICV compreende que, no tratamento das matérias, seja dado a devida atenção ao Governo, que é da República, mas reivindica também disponibilização de tempo à Oposição “para transmitir as preocupações que vai recebendo no terreno, até porque tem o papel de fiscalização”.