AGRO-NEGÓCIOS: AGRICULTURA E ACESSIBILIDADES - "DEBATE SOBRE O SECTOR DO AGRO-NEGÓCIOS"

Por: Américo Nascimento 
 
Cabo Verde tem uma elevada percentagem da sua população que vive no meio rural e com uma forte dependência da agricultura; por conseguinte, o seu sustento e rendimentos dependem em grande escala da atividade agrícola.
 
A agricultura tem uma ligação directa com a luta contra pobreza e a empregabilidade. Acontece ainda que com bom ano de azáguas, Cabo Verde respira de alívio, pois a agricultura acaba por ter um impacto positivo no PIB e uma forte influência na empregabilidade da população activa. Um mau ano agrícola é sinónimo de grandes dificuldades no mundo rural, com impacto na economia do país e no aumento do desemprego.
 
Nos encontros que tenho tido com os agricultores e com a população, a agricultura tem sido abordado, sempre na perspectiva de que na falta gritante de soluções para o emprego, ela pode ser uma forte alternativa para debelar o desemprego. Há bem poucos dias, num encontro com a população da localidade de Estância de Brás, um senhor, com a sua experiência e sabedoria popular me dizia: se forem equipados os furos de prospeção de água e houver disponibilidade de água para a agricultura o Governo não precisa se preocupar comigo em relação ao emprego, porque através da agricultura garanto o sustento da minha família.
 
No seu programa, o Governo garante linhas regulares inter-ilhas e subsidiação de rotas não rentáveis. Mais: garante que, caso seja necessário, o Estado intervirá directamente para garantir linhas regulares inter-ilhas de cargas e passageiros. Destacam-se as linhas de S. Vicente e Santo Antão; S. Vicente – São Nicolau – Sal – Boavista; S. Vicente – Santiago; Santiago – Fogo – Brava; Santiago – Maio; Santiago – Boavista – Sal; Santiago – S. Nicolau.
 
O Governo está no seu 2º ano de mandato e não se vislumbra a implementação de uma política clara para o sector dos transportes marítimos, conforme o compromisso com os cabo-verdianos, transformado num grande “cavalo de batalha” das últimas campanhas eleitorais. O País, os Cabo-Verdianos clamam e reclamam no sentido da tomada de medidas urgentes no sector de transportes marítimos, com impacto na mobilidade de pessoas e bens entre as ilhas, com regularidade e assiduidade, com impacto na economia das ilhas e do país.
 
O desenvolvimento da agricultura e, por conseguinte, o agro-negócio, depende, em larga escala, de um eficiente sistema de transportes marítimos inter-ilhas. O Governo prometeu uma intervenção célere e eficiente nos transportes marítimos e os cabo-verdianos exigem a sua implementação. Dizem que essa foi uma das razões por que votaram no actual partido que está no Governo e que de nada vale assacar responsabilidades a outrem, como que a desobrigar-se e desculpar-se dos seus compromissos perante quem os elegeu.
 
São Nicolau tem na agricultura a sua principal atividade económica. Os agricultores estão desesperados e com muita tristeza e mágoa, por diversas vezes vêm os seus produtos a apodrecer por falta de transporte marítimo S. Nicolau/Sal, principal mercado para a venda desses produtos. O fruto do seu suor e de muito trabalho, durante meses, é utilizado, não raras vezes para alimentação de animais. Dizem que esperam pela solução do Governo porque são muitos postos de trabalho e rendimentos de muitas famílias que estão em perigo, num cenário de uma grande carência de emprego na ilha.
 
O Cabo-verdiano tem um grande amor à terra, um grande amor à agricultura, transmitido de geração em geração e que a nossa geração tem obrigação de dar continuidade. É nesse contexto que entendemos que o actual Governo não pode deixar de dar continuidade aos investimentos, à transformação na agricultura e ao sonho de muitos cabo-verdianos e de muitos poetas, nomeadamente António Nunes de ver águas correndo por levadas enormes.
 

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