Na sequência da minha recente visita à nossa comunidade em Luxemburgo e Itália, trago duas notas inextrincavelmente ligadas para esta Casa Parlamentar, com o objectivo de actualizar as demandas, as expectativas e a legítima reivindicação dos nossos emigrantes.
A primeira nota refere-se à insistência nas velhas reivindicações quanto ao Estatuto do Investidor Emigrante, às acções concretas de incremento da mobilidade e da circulação, à excessiva burocracia das alfândegas, aos elevados custos dos transportes aéreos de e para Cabo Verde, estes agravados com taxas de segurança aeroportuária. Questões que, recorrentes, incorrem a não ser resolvidas nesta Legislatura. Estamos, pois perante um Governo que falha nos propósitos e que tem pretensões que não se convergem com a prática governativa; que não se convergem com a percepção e com o SENTIMENTO das Pessoas. Existe um discurso e um sentido de acção que cria uma expectativa na criação de uma agenda de relacionamento de Cabo Verde com a sua diáspora, mas que não passa disso mesmo: pouco ou nenhum resultado!
A segunda nota, prende-se com a necessidade da criação de Casas de Cabo Verde/Casas da Cultura nesses países, que para além de promover o País pelo viés da Diplomacia Cultural, irá contribuir para mais e melhor integração das comunidades, especialmente às segundas e terceiras gerações. Segmentos estes, a par de muitos quadros cabo-verdianos, espalhados pelo mundo que não estão a ser devidamente maximizados e potencializados por este Governo. Denota-se claramente que este Governo está a falhar na previsibilidade e na sustentabilidade desta problemática. Falta a este Governo uma visão holística e um sentido estratégico, por forma a aproveitar, no limite das nossas capacidades, as mais-valias que a diáspora pode imputar ao nosso processo de desenvolvimento. Cabo Verde não seria a mesma coisa sem a sua diáspora. Temos, colectivamente, uma dívida gigantesca para com milhares e milhares de cabo-verdianos que, em diferentes geografias, levam e ampliam a cabo-verdianidade no mundo. Não aproveitar com políticas públicas estruturadas essa mais-valia é, no mínimo, um erro gigantesco.
Apelaria aqui à atenção de todos os colegas Deputados eleitos pela emigração, particularmente ao meu colega Deputado Emanuel Barbosa, no sentido de consertarmos algumas agendas possíveis e transversais em prol das resoluções das demandas cruciais da nossa comunidade, que permitam inaugurar um novo tempo, onde as questões da nossa diáspora possam ser consideradas questões de regime e assunto de Estado, monitorizadas ao mais alto nível pelas instituições da República.
É realmente tempo de um olhar diferente para nossa a Diáspora, elemento essencial para a construção da Nação Global, desígnio legítimo de todos os cabo-verdianos, nas ilhas e no mundo.
Temos dito, Muito Obrigado!
Francisco Pereira – Deputado da Nação, eleito pelo Círculo Eleitoral da Europa