DISCURSO DE ABERTURA, DE SUA EXCELÊNCIA, A PRESIDENTE DO PAICV,DRª JANIRA HOPFFER ALMADA

XV CONGRESSO DO PAICV - "POR UM PAICV MAIS FORTE, POR UM CABO VERDE MAIS JUSTO"
 
• Distintas personalidades políticas
• Senhoras e Senhores Altos Representantes de Partidos Amigos
• Senhoras e Senhores Representantes do Corpo Diplomático
• Estimados Combatentes da Liberdade da Pátria
• Senhores Altos Representantes de Instituições Públicas
• Senhores Altos Representantes dos Partidos Políticos
• Respeitáveis representantes das instituições religiosas
• Camaradas da JPAI e da FMPAICV
• Camaradas da Mesa da Presidência do Congresso
• Camaradas Delegadas e Delegados
• Amigas e Amigos do PAICV
 
Começo por apresentar, neste Acto de Abertura Solene dos nossos trabalhos, as minhas mais calorosas saudações às distintas personalidades políticas e diplomáticas presentes, e o nosso profundo agradecimento pela honra que isso nos dá.
 
Entre nós, encontram-se antigos Dirigentes do nosso Partido, cuja participação nos trabalhos do Congresso esperamos venha a ser da maior valia para a qualidade dos resultados que desejamos atingir.
 
Tal presença traduz a indelével marca da grandeza do PAICV, assente na unidade, solidariedade e coesão dos seus e membros, independentemente dos tempos próprios de cada um, pois que, na verdade, a grande força do PAICV reside, fundamentalmente, em sabermos, em cada momento histórico, avaliar e tirar proveito daquilo que nos une e nos permite cumprir a missão histórica atribuída a este nosso grande Partido, qual seja a de ajudar a construir um Cabo Verde cada vez mais próspero, mais humano e mais justo, onde cada cidadão tenha direito á sua gota de água, como diria o Compositor.
 
Creiam, caros Camaradas, a quem passastes o facho da luta para a construção dum Cabo Verde cada vez mais humano e mais justo, temos a consciência do quanto Cabo Verde vos deve, pelo elevado espírito de missão, pela entrega ilimitada e pelo inegável – e hoje reconhecido - bom senso demonstrado na procura de soluções que, num tempo que não é o de hoje, se impunham, tendo sempre em vista a salvaguarda dos superiores interesses do Povo Cabo-Verdiano.
 
Fazendo justiça, permitam que destaque, dentre todos, aqui presentes, o Comandante e Camarada Pedro Pires, o grande obreiro das fundações do Estado de Cabo Verde e das suas sólidas instituições.
 
A todos, em nome de todos os militantes do PAICV, o nosso muito Obrigada!
 
Aos Representantes de todos os Partidos Amigos que, respondendo ao nosso Convite, nos deram a subida honra e o grato prazer da sua presença neste nosso Congresso, nomeadamente os Camaradas do MPLA, do PAIGC, do Partido Socialista Português, do Partido Comunista Português, do MLSTP, da FRELIMO, do Partido Comunista Chinês, do Partido Comunista Cubano e do Partido Socialista do Senegal, o nosso muito obrigado por nos terem trazido a V. amizade e solidariedade.
 
A todos, damos as boas-vindas ao nosso XV Congresso, manifestando o firme desejo de virmos a aprofundar e a fortalecer as nossas relações de cooperação, tornando-a cada vez mais vasta, no seio desta nossa “Família” de Esquerda Democrática e Moderna.
 
Com efeito, a cooperação entre os nossos Partidos e com as Organizações Internacionais da nossa família político-partidária, é um imperativo dos novos e futuros tempos, para que possamos, juntos, encontrar as melhores respostas aos fenômenos que as dinâmicas políticas dominantes nos colocam, no sentido de ser salvaguardada a universalidade do desenvolvimento humano, face aos riscos do mundo inumano e de futuro incerto, provocando clivagens sociais de consequências imprevisíveis, se não, incontroláveis.
 
É que, na verdade, temos que ter a consciência que, se o progresso contém elementos de previsibilidade, também encerra, em si, factores imprevisíveis e não desejados, que podem surgir de forma inesperada.
 
Aos Exmos. Senhores Representantes do Movimento para a Democracia (MPD) e da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), manifesto a satisfação que é, para nós, contar com a V. Presença.
 
Creiam que nos sentimos honrados com a vossa presença, desejando que seja um bom sinal de reforço e avanço da Democracia Cabo-verdiana.
 
Muito nos honra o encorajamento dos Combatentes da Liberdade da Pátria que, com a sua presença, nos inspiram a ter em conta a grandeza dos seus feitos que, no tempo próprio da história do nosso país, permitiram que, hoje, pudéssemos estar a pensar e a agir, conduzindo soberanamente os destinos do nosso Cabo Verde, e a dar sentido e valor aos ideais pelos quais se bateram e alcançaram.
 
Carinhosamente, apresentamos os cumprimentos de boas-vindas às Delegadas e Delegados da JPAI, organização que, ainda ontem, realizou o seu VIII Congresso, e cujos resultados foram promissores, nos confortando no caminho a prosseguir - caminho este que, não obstante não ser fácil, é extremamente mobilizador, considerando os aliciantes e motivadores desafios a enfrentar.
 
É que a política, a verdadeira política, é como uma faca de dois gumes!
 
Assim, somos todos interpelados a escolher!
 
Anima-nos, porém, a certeza e a consciência de que a juventude de hoje é esclarecida e responsável, sabendo bem que o futuro está nas suas mãos!
 
As minhas calorosas saudações são, também, extensivas às minhas Caras Camaradas da Federação das Mulheres do PAICV, que, certamente, vão emprestar entusiamo e determinação a este XV Congresso, dando-nos alento e inspiração para nos sentirmos mais fortes nessa Nova Caminhada de construção de um Futuro Mais Próspero, com um PAICV Mais Forte, por um Cabo Verde Mais Justo.
 
As mulheres vêm sendo, cada vez mais, decisivas na prossecução dos nossos ideais e no levantamento das bandeiras das grandes causas que o nosso Partido preconiza e, como sempre – agora, talvez mais do que nunca - elas vão ser determinantes no fortalecimento das fileiras do nosso combate.
 
Por isso, ontem como hoje, contamos com elas!
 
Às Amigas e aos Amigos do PAICV, dizemos que nos sentimos honrados com a sua grata presença que muito nos estimula na prossecução dos nossos destinos que é servir Cabo Verde.
 
Senhoras e Senhores!
 
Caros Delegados!
 
O imenso património material, imaterial e humano que nos legaram todos os Combatentes da Liberdade da Pátria, é uma fonte de inspiração e incentivo à continuação da construção de uma história do futuro, de um projeto de longo alcance, para que, no momento certo, possamos encontrar saídas para este tempo perturbado e perturbador, com riscos de crises, na busca de alternativas aos perigos do futuro.
 
Com efeito, o XV Congresso ocorre num momento muito particular da vida do PAICV, em que enfrentamos desafios complexos próprios de uma organização de esforços individuais com a finalidade de realizar propósitos coletivos, sendo, por isso e como me referi na Moção de Estratégia, uma entidade social de cidadãs e cidadãos de várias matizes sociopolíticas, cujo sucesso só será possível se os seus valores e princípios forem praticados de forma sistemática, contínua e consensual, com respeito pelos princípios mais caros da democracia, e acomodados pelas regras estatutárias.
 
Lembremo-nos que, contrariamente aos que vaticinaram a morte da ideologia ou os que dissimulam não tê-la, nós temos, sim, uma ideologia que, segundo Amílcar Cabral, é conformada na realidade do nosso país, e daí o seu profundo enraizamento no povo. E a este propósito, em 1989, o Comandante Pedro Pires dizia que “A ideologia mais avançada dos dias de hoje terá de ser mais humana, aquela que tenha como ponto central o homem e a humanidade.”
 
Segundo Norberto Bobbio, na linguagem política, a Esquerda está sempre associada a características altamente positivas como futuro, criatividade e justiça. É este o nosso patamar, o nosso critério distintivo (no combate pela libertação dos cidadãos dos freios que lhes são impostos), pela emancipação e pela cidadania plena, por uma democracia que vá para além da simples representatividade, pela igualdade contra a desigualdade.
 
Mas, à ideologia estão subjacentes princípios e valores aos quais devemos ser fiéis, seja para enunciá-los, mas, sobremaneira, para os aplicar, seja no plano interno da nossa vida partidária, seja no plano externo das nossas relações, nunca fazendo deles mera retórica, mas sim padrões da nossa conduta, com atributos morais e éticos, e segundo regras da nossa militância com os seus preceitos e normas regentes.
 
É que, face ao contexto interno, temos que aperfeiçoar o nosso trabalho político, organizando melhor as estruturas com orientações e ação eficazes de muita proximidade com os militantes de base, condição fundamental para melhorarmos - e muito - o trabalho no plano externo e na sociedade - onde é imperativo reforçar e intensificar a presença do Partido. Isso implica uma maior presença dos Dirigentes Nacionais e Regionais, nos Bairros, nas Comunidades Rurais, nas suas zonas de residência e da sua vida social.
 
A este propósito devemos realçar que a democracia e as regras estatutárias que lhe são subjacentes não poderão reagir e exercer o seu papel temporizador ou temperador, se os seus elementos estruturantes funcionarem em ordem dispersa. Com efeito, elas somente serão úteis, nas suas nobres funções, se forem compatíveis e ordenadas, e interagirem numa dinâmica coordenada.
 
Por isso, recordemos, TODOS, que, para que o Partido melhore e se reforce - a cada dia, estando à altura das suas responsabilidades - é indispensável a aplicação, em todos os escalões da nossa vida e da nossa luta, dos princípios da organização e do trabalho, adotados como normas fundamentais da nossa actuação.
 
É essencial, pois, respeitar e fazer respeitar as normas e os princípios que regem o nosso Partido, sob pena de passarem a reinar, no seu seio, o caos e a indisciplina, com as inevitáveis consequências para o seu próprio futuro!
 
Este é um partido com princípios, regras e ideologia, de que se deve orgulhar e que deve respeitar, para continuar a merecer o respeito do Povo Cabo-verdiano!
 
Em suma, temos que continuar a ser um Partido Democrático, aberto às críticas, justo na avaliação das contribuições individuais, ponderado na tomada de decisões, rigoroso na aplicação dos princípios e no respeito pelas normas, atento ao seguimento das linhas orientadoras e sensível às propostas e sugestões para a melhoria da sua acção no quotidiano.
 
Prezados Camaradas Congressistas!
 
Com a dimensão que os desafios do desenvolvimento do país alcançou, com o alargamento das responsabilidades do Partido no aprofundamento do pensamento estratégico do país, com a assunção das responsabilidades da governação nos últimos anos, o Partido esteve muito voltado para o cumprimento da sua missão externa e investiu menos nas acções de formação dos seus membros designadamente no aprofundamento do conhecimento dos Estatutos do Partido (em toda a sua extensão), bem como na interiorização e valorização da sua rica história, enquanto Partido ligado aos momentos mais marcantes da história recente de Cabo Verde.
 
Este quadro exige de todos nós, nesta etapa em que temos menos responsabilidades na governação do país, um maior engajamento político, um investimento acentuado na valorização do legado do PAICV, no conhecimento aprofundado dos seus Estatutos, na passagem às novas gerações de militantes do valioso capital que é a história deste grande Partido e do aprofundamento das matrizes dos nossos valores identitários que, claramente, pontificam as nossas diferenças dos outros, mormente no campo ideológico.
 
O engajamento político a que nos propomos rege-se por bases de ação plasmadas nos Estatutos do Partido, pelos princípios e valores que caracterizaram os fundamentais do PAICV, como método determinado por um alinhamento do pensamento teórico e prático que nos legou Amílcar Cabral.
 
Ao longo da sua história, o PAICV conheceu momentos complexos de imprevisibilidade que, entretanto, soube gerir com ponderação, com maturidade, com inteligência, com amplo diálogo interno, com um profundo sentido de responsabilidade e com uma exercitação exemplar da sua democracia interna.
 
O exemplo mais recente sucedeu em 2001, em que soubemos assegurar a coesão interna, a motivação e a força mobilizadora em torno de um objetivo comum, que foi definir e prosseguir o processo de transformação, que catapultou Cabo Verde para patamares de País de Desenvolvimento Médio, com tantas notações de organismos internacionais, de que devemos orgulhar-nos, todos.
 
Contudo, enquanto um processo dinâmico de construção permanente, nunca na vida de um Partido democrático como o PAICV, teremos um processo linear, sem as turbulências próprias da navegação no mar alto das diversas etapas de desenvolvimento com momentos que fazem emergir novos desafios perante os constrangimentos que serão sempre enfrentados e vencidos. As estruturas e os militantes, são sempre confrontados com situações desta natureza, que exigem lucidez e sentido do dever para mobilizar todos os recursos da organização e todas as vontades internas, em torno dos sagrados princípios e valores que sempre pautaram a nossa vida partidária.
 
Os resultados pouco favoráveis dos últimos pleitos eleitorais tiveram um impacto também desfavorável nos militantes do Partido, acostumados a importantes e sucessivas vitórias!
 
A situação emergente da última safra eleitoral gerou novas expectativas, alimentou ansiedades à sociedade cabo-verdiana e colocou novos desafios e responsabilidades ao PAICV!
 
Neste XV Congresso, vamos apreciar o Relatório do Conselho Nacional (que nos comunicará o estado-condição da nossa organização partidária).
Iremos avaliar a Moção de Estratégia e seus motes para uma nova largada, para que os militantes, simpatizantes e amigos do PAICV possam reforçar a sua auto-estima, o sentimento de pertença e o dever de servir o país.
 
É que estamos todos ávidos de novas dinâmicas e novos impulsos à organização e funcionamento das estruturas, a todos os níveis, valorizando o papel insubstituível das estruturas de base, com o Partido a organizar-se e a funcionar com orgulho, motivação e entusiasmo determinantes para as novas etapas e as próximas vitórias.
 
Caros Camaradas Congressistas,
 
O PAICV é um grande PARTIDO, um dos maiores patrimônios políticos deste país, um PARTIDO cuja dimensão ultrapassa as fronteiras dos limites de militantes e amigos para extravasar para esta sociedade.
 
A importância do PAICV não se circunscreve a situações conjunturais de estar no Poder ou na Oposição. No Poder ou na Oposição o nosso papel e a nossa responsabilidade são iguais, por causa do bem maior! Porque o bem maior porque sempre o nosso Partido lutou é Cabo Verde, o seu progresso, a sua prosperidade e o bem-estar para todos que aqui nasceram, aqui vivem e nele acreditam!
 
Assim, as responsabilidades dos militantes e simpatizantes deste PARTIDO de Cabral são, de longe, maiores que a dos outros partidos, sendo, contudo, todos eles pilares fundamentais da nossa jovem democracia.
 
É que temos de zelar por este nome!
Temos uma história a preservar!
Temos um legado a resguardar!
Temos experiências a capitalizar!
 
E temos, sem falsas modéstias, uma reserva moral de patriotismo a proteger e a enaltecer!
 
Este legado e este percurso exigem do PAICV responsabilidades acrescidas, enquanto Partido, e, por isso mesmo, somos desafiados a adoptar uma atitude e uma prática correspondentes à dimensão da expectativa depositada em nós.
 
À luz dos nossos Estatutos, tendo em conta o nosso percurso, levando em consideração a nossa prática interna, analisando os contributos para a edificação de um sistema eleitoral credível, transparente e fiável, somos o Partido mais democrático de Cabo Verde!
 
E não devemos ter receio nenhum em reafirmar esta qualidade e esta contribuição do nosso Partido.
 
Somos, também e seguramente, o Partido mais aberto, que discute todos os temas, sem tabus, e que tem por questão de honra a liberdade dos seus membros, porque o nosso entendimento é que, na expressão da liberdade reside a força criadora, a dinâmica vitalizadora e o canal propiciador das energias pujantes e da visão inovadora.
 
Temos que ser capazes de transformar estes recursos potenciais em capital gerador de novas dinâmicas e forças internas, para enfrentar os desafios cada vez mais complexos, que se colocam à Oposição Democrática nos dias de hoje.
 
Temos que ser capazes - e esse é um desafio fundamental - de canalizar as nossas forças e as nossas capacidades para questões essenciais e fundamentais, transformando as nossas diferenças em riqueza, trabalhando num único sentido de fortalecer o PAICV e aumentar a sua eficácia no combate externo, ao mesmo passo que garantirmos o reforço da nossa credibilidade junto da população.
 
Genuinamente, e desta Tribuna, quero reafirmar que conto com TODOS nesta caminhada.
 
Camaradas Congressistas!!!
 
Camaradas Pedro Pires e José Maria Neves!!!
 
Melhor do que ninguém, sabem o quão difícil é liderar o PAICV!
 
O PAICV é – e sempre foi - um Partido de vários Líderes e de várias vozes, de pessoas com personalidade forte e convicções inabaláveis.
 
Quem lidera ao mais alto nível tem, sempre, o enorme desafio de congregar e de mobilizar todas as vontades, valências e capacidades.
 
Hoje, o desafio da unidade na diversidade é cada vez mais o desafio do PAICV!
 
Eu fui eleita Líder do PAICV em Dezembro de 2014!
 
Depois de eleita, continuei assumindo (nas mesmíssimas condições) as minhas anteriores funções governamentais, acumulando-as com as da Liderança do partido, desdobrando-me, de todas as formas, para atender às exigências que a nova situação impunha.
 
Nessa situação, tive que preparar e enfrentar, enquanto Líder do partido, duas das eleições entretanto realizadas, a partir de janeiro de 2015!
 
E o PAICV não conseguiu os seus objetivos eleitorais, perdendo, de forma expressiva, as Eleições Legislativas e Autárquicas, não tendo declarado apoio a nenhum Candidato à Presidência da República.
 
Camaradas!
 
Quero - aqui e agora, perante cada um de vós – chamar a mim, assumindo, frontalmente, a total responsabilidade por esses maus resultados!
 
Foram cometidos diversos erros ao longo deste percurso! E quem terá cometido, seguramente, mais erros, terei sido eu, enquanto Líder do PAICV.
 
Mas, não farei, aqui, um exercício de culpabilização ou de desculpabilização, sobre aquilo que terá corrido bem ou sobre aquilo que não terá corrido bem, pois tenho a profunda consciência que trabalhei arduamente, batalhei com todas as minhas forças e senti (como sinto!) que fiz tudo aquilo que era humanamente possível, dentro das minhas capacidades e limitações.
 
Hoje, passado todo esse tempo - de Dezembro de 2014 – pela experiência vivida e pelo conhecimento que pude ter e aprofundar na quotidiano sentido, testemunhado e vivido, durante todo esse período de eleições e no subsequente – tenho a convicção de que sou um ser humano muito melhor e mais capaz, porque pude conhecer, muito mais profundamente, não só o meu País, mas também, e sobretudo, o meu partido e aqueles que o integram como seus Dirigentes e militantes!
 
Depois dessa experiência, com responsabilidade e movida por princípios éticos, entendi que não deveria continuar a liderar o PAICV sem perceber, de forma clara e inequívoca, qual era a real e efectiva vontade do Povo do Partido, dos militantes do PAICV!
Muitos Camaradas – de entre os quais, alguns da minha convivência mais próxima - eram contra a realização destas eleições antecipadas.
 
Eu compreendi (e compreendo!) Camaradas!
 
Compreendo as razões destes posicionamentos e, sobretudo, respeito-os!
 
Mas, sinceramente, senti - e hoje, mais do que nunca, estou convicta disso - que continuar a liderar o Partido sem a convicção de que os militantes continuavam a depositar, realmente, a sua confiança na minha pessoa, não seria bom para os desafios que o país e o Partido têm que enfrentar!
 
Por isso, pus o meu lugar à disposição para, por um lado, permitir que outros eventuais interessados se apresentassem para a disputa democrática, perante os verdadeiros donos do Partido – que são os seus Militantes – e, por outro lado, para que o POVO do Partido (que são os seus Militantes) dissesse, de forma clara, se continuava a confiar em mim para os liderar.
 
É que, Caros Camaradas, eu pretendi (e pretendo!) ser uma mais-valia para o PAICV, e nunca um estorvo!
 
Ilustres Convidados
 
Caras e Caros Camaradas!!!
 
Para mim, é fundamental, neste momento, OLHARMOS EM FRENTE, com convicção!
 
Temos de construir – juntos - a nossa visão e os nossos caminhos do futuro!
 
Temos que traçar o nosso rumo!
 
Só assim estaremos em condições de aproveitar e potenciar a navegação em tempos de ventos mais favoráveis.
 
É hora de OLHAR em FRENTE e é com essa visão que, juntos, vamos construir e resgatar a força deste nosso PAICV, porque só com um PAICV mais forte poderemos construir um Cabo Verde Mais Justo.
 
A Moção que vos apresentei é apenas uma pequena parte desta visão, não sendo, por si só, suficiente!
 
Essa Moção só poderá ser uma visão, completa e robusta, com a V. participação e a participação de cada um dos militantes e amigos deste nosso Partido, lá onde estiverem.
Hoje, mais do que nunca, precisamos de um PAICV Mais Forte, para que tenhamos um Cabo Verde Mais Justo.
 
Os sinais que vimos recebendo, da nova Governação, nos fazem crer que, infelizmente, voltamos à época da arrogância!
 
Voltamos ao tempo do ódio no poder!
Voltamos ao tempo do quero, posso e mando!
 
Nós – e o PAICV - não podemos defraudar os cabo-verdianos, naquilo que são as suas expectativas em relação à Oposição que teremos de ser, para garantir uma melhor governação do País.
 
Minhas Senhoras e Meus Senhores!
 
Caros Amigos!
 
Caros Congressistas!
 
Hoje, vivemos momentos preocupantes, após um período eleitoral marcado pela exacerbação das promessas, que tiveram a faculdade de inflamar ou insuflar as expectativas e despertar esperanças em soluções imediatas, incomportáveis com a dimensão económica e social do País, como ainda circunstanciadas por um contexto internacional nada promissor, caracterizado por intermináveis conflitos e - nas contradições da interação própria da globalização - por imprevisíveis fenómenos políticos, sociais e perturbações económicas, geradores de incertezas, no desejado desenvolvimento humano, em que a comunidade internacional se diz empenhada.
 
Em vez de posturas de coesão nacional e de salvaguarda de sagrados princípios democráticos - tão propalados pelo Partido que, actualmente, assume a Governação -, vimos assistindo a preocupantes indícios anti-democráticos, caracterizados pela exclusão, pela incoerência e pela intolerância, nos vários níveis de exercício do poder.
 
Aqui e acolá registamos resquícios de tentação de reeditar as práticas de má-memoria que fizeram escola nos primeiros anos da nossa convivência de democracia pluripartidária... Práticas essas que geraram dramas familiares, traumas de pessoas que cometeram o único crime de pensar diferente, marcas e feridas profundas de actos quase que tresloucados, e que, todos, acreditavam fazer parte do passado.
 
Registam-se, no País, actos que, se não forem enfrentados com força, determinação e convicção, poderão fazer perigar as conquistas da nossa democracia, que, em poucos anos, se projectou como um investimento sério e genuíno dos Partidos e dos cabo-verdianos - com reflexos negativos para a imagem do percurso destas ilhas.
 
Só para citar alguns exemplos temos, hoje, uma onda avassaladora de assalto aos cargos e às funções na Administração Pública e nas empresas participadas do Estado, tudo sob a capa da despartidarização, para encobrir uma meticulosa estratégia urdida, de forma inteligente, para uma invasão descarada e despudorada dos serviços e cargos públicos.
 
Esta prática - que já pôs em risco numerosas famílias, que, entretanto, viram os seus rendimentos supridos com a sua literal colocação na situação de desemprego, dos elementos do agregado familiar que garantiam o ganha-pão para o lar - está a constituir-se um elemento propiciador do pânico e do medo e inibidor da participação cívica e política.
 
A par disso, assiste-se a uma tentação perigosa, por parte da actual Maioria, de condicionar, manipular ou mesmo instrumentalizar os órgãos públicos de comunicação social, que se querem (agora) dóceis, domesticados e a jeito de se colocarem ao serviço da situação, e em confrontação com a Oposição.
 
Hoje, várias notícias que mereciam o enfoque e o destaque dos jornalistas - como é o caso da criminalidade - desapareceram dos espaços noticiosos, numa atitude clara de esconder os factos e evitar que as pessoas tenham conhecimento desses acontecimentos, que geram uma perceção negativa da segurança.
 
Os que ontem defendiam, com vigor, a objetividade, o rigor, a isenção e o profissionalismo dos Órgãos e dos seus profissionais, invadiram, hoje, todos os Órgãos Públicos e tentam, através de pessoas destacadas e colocadas a serviço da Maioria, transformar os mesmos em instâncias de promoção de imagem do Governo e de condicionamento da acção da Oposição.
 
Os programas incómodos desapareceram!
 
Alguns jornalistas isentos foram acantonados!
 
E os debates foram reformatados, para servir os apetites da Maioria!
 
Os programas de emergência – constantes do Programa do Governo - foram adiados!
 
A promessa de descida de impostos foi arquivada!
 
A prioridade para a juventude foi esquecida!
 
E a solução para integração e empoderamento das famílias foi convertida em medidas que, nalguns casos, cortam as possibilidades do ganha-pão de centenas ou milhares de mulheres chefe-de-família!
 
Caros Congressistas!
 
Os sinais não são bons!
 
As práticas e as atitudes não são animadoras!
 
E alguns desenhos de decisões - como o que se apercebe com as já famosas incompatibilidades - não constituem um bom prenúncio!
 
O PAICV está atento, fazendo uma oposição firme e construtiva - com elevado sentido de Estado, com o compromisso, de sempre, com o povo de Cabo Verde - e escrevendo (como no passado), a sua história presente e futura!
 
Por tudo isso, o nosso Congresso deverá ser de intentos futuristas, pois, para além dos gigantescos desafios existentes atualmente, novos desafios – de natureza tanto económica e financeira, como social, ideológica ou política – estão para vir, exigindo que estejamos atentos aos seus suportes teóricos, às contradições entre as exigências da democracia e as exigências de um mercado ainda incaracterístico, com os seus riscos no funcionamento do Estado de Direito Democrático.
 
Ilustres Convidados,
 
Prezados Congressistas!
 
Essas são algumas preocupações de fundo que quisemos trazer à vossa consideração, principalmente no seu desenvolvimento na moção de estratégia - sobre a qual terão a oportunidade de pronunciamento - visando um futuro de soluções coletivas!...
Em que as nossas pretensões individuais integrem a vontade coletiva!...
 
Onde os militantes se sintam tanto parte do problema, como parte das respectivas soluções!...
 
No respeito pelas regras democráticas, enquanto Camaradas e Marinheiros do mesmo Barco!...
 
Pensando, sobretudo, que o PAICV é um grande servidor público ao serviço da sociedade!!!
 
Vamos reerguer o Partido!
 
Vamos resistir e vencer as provações!
 
Somos os portadores do futuro de Cabo Verde!
 
Mais uma vez, o meu profundo agradecimento a todos quantos nos honraram com a sua presença!
 
Aos Delegados ao XV Congresso, formulo votos de um bom trabalho!
 
Viva o XV Congresso do PAICV!
 
AUDITÓRIO NACIONAL, AOS 17 DE FEVEREIRO DE 2017

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